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domingo, 22 de maio de 2011

Pessoa substituta Por Caio Fernando Abreu



(Não sei o nome do texto, nem sei quem deu o direito a ele, de falar de mim de forma tão peculiar. lindo demais!)

“Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho e que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?
A moça…ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar.
Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará.
A moça – que não era Capitu, mas também têm olhos de ressaca – levanta e segue em frente.
Não por ser forte, e sim pelo contrário… Por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo.”

(Caio Fernando Abreu)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Nostalgia


Hoje eu acordei nostáugica,
deve ser esse lance de mudar de idade.
que saudade de você,
saudade de momentos que eu nunca vivi,
saudade dos gostos que eu nunca provei,
das músicas que eu nunca ouvi.

Saudade das sensações que você me provoca,
elas são reais?
saudade da sua quentura, o calor do seu corpo, a sua febre estratégica, é mesmo quente?
saudade dos seus olhinhos apertados, dos sorrisos difíceis de conquistar, do seu rosto, 
do abraço que eu nem tive, 
saudade de você que eu nem sei se existe.

Sinestesia


Entende-se por sinesteria, algo que te causa sensações de vários sentidos ao mesmo tempo.
Aquele calor com gosto de chocolate quente, por exemplo.
Quando você ouve "and your bird can sing" dos Beatles e se vê andando de bicicleta num parque cheio de verde e sente o cheiro bom da terra e da grama.
É mais do que imaginar algo ou ter uma recordação, é ter cor, gosto, som, forma, sentimento, é ser invadido e preenchido por isso.
Como quando você olha uma pintura de Dali e toca "Confortably numb" do Pink Floyd, e você pode senir o cheiro, o vento no rosto, daquela imagem, e sim, ela pode ter gosto também, doce, salgado, fresco, amargo...
Não sabe do que eu tô falando? é como morder o biscoito do "coma-me" e ficar enooooooooooorme sem caber mais na casa do coelho branco!
Ainda não?
Tudo bem, não é fácil sentir o mundo pulsar de uma vez dentro de você, sentir um mundo líquido correndo em suas veias, um mundo pulsante em seu coração, um mundo dentro de você, todo e ao mesmo tempo, como a bebida púrpura do dia do curinga.

Gosto disso
eu gosto de sentir,
TUDO
Sinestesia, baby!